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Òrìsà Princípio de Movimento e Interligação. Certa vez, dois amigos de infância, que jamais descutiam, esqueceram-se de fazer-lhe as oferendas devidas para Esù. Foram para o campo trabalhar, cada um na sua roça. As terras eram vizinhas, separadas apenas por um estreito canteiro. Esù, zangado pela negligência dos dois amigos, decidiu preparar-lhes um golpe à sua maneira: Ele colocou sobre a cabeça um boné pontudo que era branco do lado direito e vermelho dolado esquerdo. Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura dos dois trabalhadores amigos e , muito educadamente, cumprimentou-os: "Bom trabalho, meus amigos !" Estes, gentilmente, responderam-lhe: "Bom passeio, nobre estrangeiro !" Assim que Esù afastou-se, o homem que trabalhava no campo da direita, falou para o seu companheiro: "Quem pode ser este personagem de boné branco ?" "Seu chapeu era vermelho", respondeu o homem do campo a esquerda. "Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que existe !" 'Ele era vermelho, de um vermelho escarlate, de fulgor insustentável !" "Ele era branco, tratar-me de mentiroso ?" "Ele era vermelho, ou pensas que sou cego ? " Cada um dos amigos tinha razão e ambos estavam furioso da desconfiança do outro. Irritados, eles agarraram-se e começaram e bater-se até matarem-se a golpes de enxada. Esù estava vingado ! Isto não teria acontecido se as oferendas de Esù não tivessem sido negligenciadas. Pois Esù pode ser o mais benevolente dos Òrìsàs se é tratado com consideração e generosidade. Há uma maneira hábil de obter um favor de Esù. É preperar-lhe um golpe mais astuto que aqueles que ele mesmo prepara. Abaixo uma lenda onde se explica isto.
Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam secos e a chuva não caia. As rãs choravam de tanta sede e os rios estavam cobertos de folhas mortas, caídas das árvores. Nenhum Òrìsà invocado escutou suas queixas e gemidos. Aluman decidiu, então, oferecer a Esù grandes pedaços de carne de bode. Esù comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia temperado a carne com um molho muito apimentado. Esù teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha em casa, e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede. Esù foi a torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória: "Joro, jara, joro Aluman; Joro, jara, joro Aluman." E as rãsinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar. Aluman, reconhecido, ofereceu a Esù carne de bode com o tempero no ponto certa da pimenta. Havia chovido bastante. Mais, seria desastroso !!! Pois , em todas as coisas, o demais é inimigo do bom .
Um dia Orunmilá foi procurar Osalá em seu palácio. Orunmilá e sua mulher queriam ter um filho. Chegando ao palácio de Osalá, Orunmilá encontrou Esú Yangui sentado à esquerda da entrada principal. Já dentro do palácio, e diante do velho rei, Orunmilá fez seu apelo, escutando de Osalá uma resposta negativa. O velho rei afirmou-lhe que ainda não era tempo da chegada de um filho. Orunmilá, insatisfeito e ao mesmo tempo curioso, perguntou à Osalá quem era aquele menino sentado à porta do palácio e pediu ao rei, se poderia levá-lo como filho. Osalá garantiu-lhe que não era o filho ideal de se ter, ao que Orunmilá insistiu tanto em seu pedido que obteve a graça de Osalá. Tempos depois nasceu Esú, filho de Orunmilá. Para espanto dos pais, nasceu falando e comendo tudo que estava a sua volta, acabando por devorar a própria mãe. Esú aproximou-se de Orunmilá para também comê-lo, entretanto o adivinho tinha consigo uma espada e enfurecido partiu para matar o filho. Esú fugiu, sendo perseguido por Orunmilá, que a cada espaço do céu alcançava-o, cortando Esú em duzentos e um pedaços. A cada encontro, o ducentésimo primeiro pedaço transformava-se novamente em Esú. Assim terminaram por atingir o último espaço sagrado e, como não tinham mais saída, resolveram entrar num acordo. Esú devolveu tudo o que havia comido, inclusive sua mãe, em troca seria sempre saudado primeiro em todos os rituais.

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